Na Web: O ressentimento como artifício do ódio e da vingança, por Scarlett Marton
Dentre as descobertas filosóficas dos últimos cento e trinta anos, há que se notar a do fenômeno do ressentimento. Foi Nietzsche quem diagnosticou com lucidez, por vez primeira, a maneira de pensar, agir e sentir dos ressentidos. Na Genealogia da Moral, ele bem mostra que, sobrepujando a aristocracia guerreira da Grécia dos tempos homéricos, os sacerdotes converteram a preeminência política em preeminência espiritual. Enquanto valor aristocrático, “bom” identificava-se a nobre, belo, feliz; tornando-se valor religioso, passa a equivaler a pobre, miserável, impotente, sofredor, piedoso, necessitado, enfermo. Assim a transformação dos valores foi fruto do ressentimento de homens fracos, que, não podendo lutar contra os mais fortes, deles tentaram vingar-se através desse artifício. Ódio e desejo de vingança seriam as palavras-chave para compreender o ressentimento. É a diferença que causa o ódio, ou melhor, é a recusa da diferença que o engendra.
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