Arquivo para download: O devir revolucionário e as criações políticas, por Gilles Deleuze

As minorias e as maiorias não se distinguem pelo número. Uma minoria pode ser mais numerosa que uma maioria. O que define a maioria é um modelo aceito: por exemplo, o europeu mediano, adulto, masculino, residente em cidades... Uma vez que uma minoria não tem um modelo, é um devir, um processo. Podemos dizer que a maioria é Ninguém. Todos, em um aspecto ou em outro, estão em um devir minoritário que leva — caso trilhado — a caminhos desconhecidos. Quando uma minoria cria modelos para si, é porque ela quer se tornar majoritária, e essa criação é sem dúvida inevitável, tendo em vista sua sobrevivência ou salvação (por exemplo, através da criação de um Estado, de um reconhecimento, da imposição de seus direitos). Mas seu poder vem daquilo que ela soube criar, e que entrará mais ou menos no modelo, sem dele depender. 

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