Arquivo para download: Filiação Intensiva e Aliança Demoníaca, por Eduardo V. de Castro
Contra o
tema da troca como síntese sociogenética de interesses
contraditórios, o Anti-Édipo avança o postulado de que a máquina
social responde ao problema da codificação dos fluxos “fugitivos”
de desejo.
Deleuze e Guattari propõem uma concepção que é ao mesmo tempo
inscritora — a tarefa do socius é marcar os corpos, a circulação
é uma atividade secundária — e integralmente producionista:“tudo
é produção”. No melhor estilo Grundrisse, a produção, a
distribuição e o consumo são postos como diferentes momentos de
uma Produção vista como processo universal. A inscrição é um
momento desse processo, o momento do registro ou codificação da
produção, que contra-efetua um socius fetichizado como instância
do Dado natural ou divino, superfície mágica de inscrição e
elemento de anti-produção (o chamado Corpo sem Órgãos). O
capítulo 3, parte central e mais longa do livro, começa por uma
exposição das características da “máquina territorial
primitiva” e de sua característica “declinação” da aliança
e da filiação. A hipótese fundamental na construção de uma
teoria alternativa ao estruturalismo, a esse respeito, consiste em
fazer a filiação aparecer duas vezes, a primeira vez como estado
genérico e intensivo do parentesco, a segunda como estado particular
e extensivo em oposição complementar à aliança. A aliança
aparece apenas no momento extensivo; sua função é precisamente a
de extensivizar e codificar o parentesco, isto é, atualizá-lo.
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